Os limites da Terceira Revelação



Elias Inácio de Moraes

Revelação era o termo utilizado por diferentes filósofos anteriores a Kardec para referirem-se ao conhecimento que não era resultado da busca humana pelo saber, em especial do conhecimento religioso materializado nas Sagradas Escrituras. Pelo termo “revelação” – Kardec explica – se entende todo o ensinamento “dado por Deus ou por seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer por inspiração”. Para ele, “considerada sob esse ponto de vista (religioso), a revelação implica passividade absoluta; aceita-se sem controle, sem exame, sem discussão”.[1]
Uma análise atenta da obra de Kardec evidencia que ele não queria apresentar o Espiritismo ao mundo apenas como mais uma revelação do mundo espiritual para a Terra, ou mais uma religião, ou mesmo uma nova doutrina religiosa. Cem anos antes Emanuel Swedenborg já havia produzido um verdadeiro tratado de espiritualidade, que lhe foi “revelado” também por via mediúnica, do qual originou-se a Igreja de Jerusalém. Homem de ciências que era, Kardec parece não ter achado adequado esse caminho, muito embora os próprios espíritos se referissem ao movimento que se operava como uma “revelação” e alguns se referissem a ele como um “missionário” preparado para trazê-la ao mundo.
Kardec estava, pois, diante de um dilema: o Espiritismo não era uma descoberta, ou uma invenção sua, até porque tinha como base fenômenos presentes na vida cotidiana de todas as épocas; não era resultado de um esforço seu, as circunstâncias o levaram até ali. Da maneira como processou-se a sua elaboração, ele era resultado de uma iniciativa que teria partido dos espíritos, e não dele enquanto pesquisador. Mas uma nova “revelação” de natureza espiritual teria credibilidade na sociedade cientificista do século XIX?
Talvez por isso ele tenha procurado então conformá-lo aos moldes da ciência, e o tenha apresentado ao mundo como uma doutrina filosófica que apresenta um duplo caráter: ao mesmo tempo em que é uma revelação do mundo espiritual para a Terra o Espiritismo não deixa de ser, sobretudo, uma “revelação científica”.
Assim sendo, o Espiritismo é uma “revelação” no sentido espiritual,
porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las.[2]
Mas é também uma revelação científica,
por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado. Enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.[3]
Trata-se, portanto, de uma “revelação espiritual” traduzida para o mundo em linguagem filosófico-científica mediante uma elevada dose de trabalho humano, inclusive um método próprio de pesquisa por ele mesmo elaborado. “Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem”.
Até aí, tudo bem. Mas de onde surgiu essa visão, vigente na atualidade, de uma “Terceira Revelação” que tem como destino toda a humanidade? Quase sempre o significado de “Terceira Revelação” tem sido tomado como algo em nível mundial, planetário, abrangendo todas as sociedades, todas as culturas, todas as crenças, como se a história da humanidade estivesse dividida em três momentos, cada um deles marcado por uma dessas três revelações. Era esse o pensamento original de Kardec? Era essa a intenção dos espíritos?
Esta é uma questão relevante, porque esse entendimento, em vez de facilitar a aproximação do Espiritismo com as demais correntes de pensamento religioso do mundo, o distancia, na medida em que o coloca acima delas. Em vez de facilitar o diálogo com a sociedade, como se daria em sendo uma revelação científica, o equipara às demais propostas religiosas do mundo no que há de pior: a arrogância de julgar-se melhor que as demais.
Qual, portanto, a origem dessa visão? Teria se originado nos espíritos? Teria sido submetida ao controle da universalidade como os demais princípios da doutrina? Ou seria uma visão particular e pessoal, uma espécie de argumento literário, adotada pelo próprio Kardec?
Uma pesquisa cuidadosa em toda a literatura kardequiana, em especial na Revista Espírita, que é o periódico onde se discutia tudo o que ia acontecendo ao longo da sua elaboração, nos ajuda a entender melhor esse aspecto.
Desde a primeira edição de O Livro dos Espíritos, em 1857, que Kardec apresenta o Espiritismo como o resultado de uma revelação do mundo espiritual para a Terra. Embora ele procure dar ao seu livro um caráter mais científico, quase como um relatório final de sua pesquisa a respeito do fenômeno das mesas girantes, ele deixa claro que o livro é o resultado de uma revelação feita pelos espíritos, de onde destaca, sobretudo, as conclusões de ordem moral.
Sob a perspectiva platônica que ele adota, e que também traduz o pensamento de vários espíritos, são eles que vêm revelar aos homens as verdades espirituais quando estes se mostram aptos a compreendê-las. Nesse sentido eles “ajudam-no, dirigem-no, e já é muito, mas não lhe dão a ciência toda feita”. Eles deixam que os homens amadureçam suas pesquisas e, “quando uma vez está sobre o caminho da verdade, é então que vêm revelá-la decididamente para fazer calar as incertezas e aniquilar os falsos sistemas”.[4]
Em 1861 Kardec recebe uma carta do advogado J. B. Roustaing, que ele publica na Revista Espírita do mês de junho, na qual o correspondente agradece aos
divinos mensageiros por terem vindo nos ensinar que o Cristo está em missão na Terra para a propagação e o sucesso do Espiritismo, esta terceira explosão da bondade divina, em cumprimento daquela palavra final do Evangelho: unum ovile et unus pastor.[5] (negrito nosso)
A menção mais conclusiva, entretanto, consta de uma longa mensagem que foi ditada em três etapas e publicada em Set/1861 assinada por “um espírito israelita”, e que é dirigida “a seus correligionários”.
São chegados os tempos, meus amigos, em que Deus quer ampliar o quadro dos vossos conhecimentos. O próprio Cristo, embora tenha feito a lei mosaica avançar um passo, não disse tudo, pois não teria sido compreendido, mas lançou sementes que deveriam ser recolhidas e aproveitadas pelas gerações futuras. Deus, em sua infinita bondade, vos envia hoje o Espiritismo, cujas bases estão, inteiras, na lei bíblica e na lei evangélica, para vos elevar e ensinar a vos amardes uns aos outros.[6]  
Ele afirma, de maneira textual, que “o Espiritismo é uma nova revelação”, naquele sentido mesmo que Kardec compreendia as revelações espirituais para os homens. E acrescenta: “compreendei o alcance desta palavra em toda a sua acepção.” Essa revelação,
se produz simultaneamente entre todos os povos instruídos, revelação que todavia se modifica conforme o grau de adiantamento desses povos. Tal revelação vos diz que o homem não morre, que a alma sobrevive ao corpo e habita o espaço; está entre vós, ao vosso lado.[7] (negrito nosso)
De todo modo ela apresenta, como Kardec compreende e demonstra em toda a sua obra, uma relevante consequência de ordem moral:
Eis, meus amigos, a revelação que vos deve conduzir à fraternidade universal, quando for compreendida por todos. Eis por que não deveis permanecer imutáveis em vossos princípios, mas seguir a marcha do progresso traçado por Deus, sem jamais vos deterdes.
Se Kardec já aspirava por uma nova ordem de ideias que pusesse fim ao histórico conflito entre as religiões, esse espírito israelita lhe afirma que
o Espiritismo é o advento de uma era que verá realizar-se essa revolução nas ideias dos povos, uma vez que haverá de destruir essas prevenções incompreensíveis, esses preconceitos imotivados, que acompanham e seguem os judeus em sua longa e penosa peregrinação.
Em se considerando as publicações contidas na Revista Espírita e nos demais livros de autoria de Kardec, origina-se desses espíritos israelitas, parentes entre si, essa visão sequenciada de primeira, segunda e terceira revelação, personificadas em Moisés, Cristo e Espiritismo.
No Monte Sinai ocorreu esta primeira revelação...[8]
(...)
Jesus-Cristo foi, pois, a segunda fase, a segunda revelação, e seus ensinamentos levaram dezoito séculos para se espalharem e se vulgarizarem.
(...)
Sim, o Espiritismo é a Terceira Revelação. Revela-se a uma geração de homens mais adiantados, portadores das mais nobres aspirações, generosas e humanitárias, que devem concorrer para a fraternidade universal.[9]
Há ainda um detalhe importante nessa análise: todas as mensagens foram ditadas através do mesmo médium, que nos é apresentado como sendo o Sr. R., da cidade de Mulhouse, quase 400 km distante de Paris em linha reta.
Em abril de 1864, quando Kardec anuncia na Revista Espírita que o livro Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo está à venda nas livrarias, se verá que ele considerou inteiramente essa abordagem. Inclusive transcrevendo, mediante ajustes e recortes, as respostas dadas por um deles, que se chamaria Mardoché R., e que encerra uma breve orientação pessoal ao médium afirmando que “Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá”.
Aliás, deve ter sido com base nesse diálogo, divulgado na Revista Espírita de março de 1861, que J. B. Roustaing teria chegado à conclusão de que o Espiritismo é a “terceira explosão da bondade divina”, usando estes termos na carta endereçada a Kardec logo em seguida, e que foi publicada na Revista Espírita do mês de junho do mesmo ano.
É preciso reconhecer, portanto, que não se trata de uma informação que tenha sido submetida ao critério da universalidade. Apesar de ter sua origem nos espíritos, ela é bem um argumento literário adotado por Kardec a partir de uma informação que lhe foi apresentada por dois espíritos, parentes entre si, ambos israelitas, através de um médium também israelita e membro de uma mesma família.
Há ainda outro aspecto a ser considerado: o próprio espírito estabelece um limite ao alcance dessa “Terceira Revelação”. Ele mesmo afirma que ela “se produz simultaneamente entre todos os povos instruídos.
O local e a época onde se deu a produção dessa “revelação” é a França do século XIX, um dos principais centros culturais do mundo durante o período iluminista. Naquela época e naquele lugar, a Europa, todo o restante do planeta era considerado como “menos desenvolvido”, uma vez que o significado da palavra “desenvolvimento” era considerado apenas pela sua vertente filosófico-científica-tecnológica.
Sob um olhar antropológico que só se tornou possível a partir de meados do século XX, observa-se que havia um sentimento hoje denominado de “eurocentrismo”, a partir do qual se tomava a Europa e a sua cultura, os seus valores, como referência para todo o restante do planeta. Não se levava em conta a sabedoria espiritual das tradições chinesas, japonesas ou hinduístas, e nem as tradições xamânicas das Américas, da África e mesmo dos Celtas, que viveram na própria Europa. A referência para o que era considerado ou não como “desenvolvido” era delimitada pelo aspecto econômico, o que, sob um olhar da geopolítica da atualidade, pode ser compreendido como um claro processo de dominação. Eram os dominadores considerando inferiores os povos dominados sob a força das armas, e com o objetivo exclusivo de “conquistar mercados” para o capitalismo emergente.
É interessante considerar também que todos os autores espirituais presentes na obra de Kardec integram a tradição filosófica ocidental, iniciada na Grécia Antiga, passando por Roma e chegando até à Inglaterra. Nenhum dos espíritos autores é oriundo das tradições milenares da Índia ou da China, do Japão ou do Tibet. Nem mesmo espíritos sábios como Lao Tsé, Confúcio ou Buda integram o séquito dos autores espirituais que se fizeram presentes na codificação, muito embora muitas de suas ideias, em especial a reencarnação, fizessem parte de suas tradições.
Somente esse fato deveria ser suficiente para nos fazer compreender o fenômeno da Terceira Revelação como um fenômeno localizado, geográfica e culturalmente referenciado, tendo como núcleo a sociedade cristã ocidental.
O mesmo se dá com a questão de ser o Espiritismo o “Consolador prometido”. Trata-se de uma elaboração do próprio Kardec com base em mensagens cuja autoria era atribuída – e Kardec estabelece bastante reserva nesse sentido – a Jesus.
Quando da elaboração de O Livro dos Médiuns ele apresentou uma mensagem “obtida por um dos melhores médiuns da Sociedade Espírita de Paris” que foi assinada “com um nome que o respeito não nos permite reproduzir senão sob todas as reservas, tão grande seria o insigne favor da sua autenticidade”. Acrescenta em seguida que “esse nome é o de Jesus de Nazaré.” [10]
Mais tarde, ao escrever O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec reuniu uma coletânea de quatro mensagens semelhantes em um mesmo capítulo, ao qual deu o título de O Cristo Consolador. Duas delas foram recebidas em Paris, uma em Bordéus e outra em Havre. Como era de seu hábito, ele eliminou alguns trechos e ajustou outros, até mesmo substituindo uma ou outra expressão, visando maior clareza. Sem especificar claramente a autoria ele a atribuiu em todas elas ao “Espírito de Verdade”.[11]
Argumentando, ele explica que
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade.
(...)
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.
É importante lembrar que por Espiritismo não se entendia nenhuma religião institucionalizada como ocorre hoje, em particular no Brasil; por Espiritismo Kardec entendia um conjunto de ideias e uma nova visão de mundo que estava sendo descortinada, um novo paradigma que se consolidava mediante um movimento partido da espiritualidade, uma “invasão organizada” do mundo espiritual sobre a Terra, na expressão de Arthur Conan Doyle. Mas essa “Terra” tinha como referência a sociedade europeia do século XIX, sem nenhuma reflexão a respeito do que isso poderia representar caso se pretendesse considerar o planeta inteiro.[12]
Portanto, quando falamos hoje da Terceira Revelação ou do Consolador Prometido é preciso levar em conta que se trata de um entendimento localizado. A ideia espírita, o pensamento espírita – e não o Espiritismo enquanto religião – é que são a Terceira Revelação e o Consolador Prometido; assim mesmo, para os cristãos. É uma nova explicação do mundo e da vida, um novo paradigma para a sociedade ocidental, sem que isso represente qualquer tipo de supremacia ou imposição em relação às demais tradições religiosas da humanidade.


[1] Kardec, Allan. A Gênese, cap. I item 7. Ed. FEB, Rio de Janeiro/RJ.
[2] Kardec, Allan. A Gênese, cap. I item 13. Ed. FEB, Rio de Janeiro/RJ.
[3] Idem, ibidem.
[4] Kardec, Allan. Revista Espírita, Set/1865. Ed. IDE, Araras, SP.
[5] Kardec, Allan. Revista Espírita, Jun/1861. Ed. IDE, Araras, SP.
[6] Idem, ibidem.
[7] Idem, ibidem.
[8] Em um dos trechos de sua mensagem ele afirma que “a religião israelita foi a primeira que formulou, aos olhos dos homens, a ideia de um Deus Espiritual.” O grifo é de Kardec, que se apropria desse raciocínio no seu texto. Talvez seja também por isso que ele afirma que os autores são os próprios espíritos.
[9] Kardec, Revista Espírita Set/1861. Ed. IDE, Araras, SP.
[10] Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, cap. XXXI item IX.
[11] Em O Livro dos Médiuns Kardec transcreve a mensagem original com a explicação acima. Ao publicá-la em O Evangelho Segundo o Espiritismo ele exclui alguns trechos e ajusta outros, visando maior clareza, como se observa na troca da palavra systèmes pela palavra utopies.
[12] Doyle, Arthur C. História do Espiritualismo, cap. 1. Ed. FEB, Rio de Janeiro, RJ.

Comentários

  1. Caro Elias, este artigo cumpre bem o propósito do blog, de ir às fronteiras. Em minha leitura, notei e parabenizo por todos os cuidados ao seguir a linha de pensamento que foi denominando o Espiritismo como "terceira revelação".

    Estou ainda pensando no tema, pois confesso que nunca havia questionado isso na literatura espírita, a não ser pelo estranhamento lógico sobre o universalismo pretendido, que tu também destacas.

    Então, primeiro, te agradeço pelos esclarecimentos sobre o tema e a pesquisa aprofundada. E, por fim, te destaco as duas reflexões ou questionamentos que tive ao terminar a leitura:

    1. Apesar de parecer óbvia, a separação que tu fazes apenas no último parágrafo entre "ideia espírita" e "Espiritismo" ainda me remete a uma superioridade calcada no purismo doutrinário de quem defende que a doutrina e o movimento espírita não tem que ver um com o outro. Sei que trata-se de outro debate. E que é até bom que um debate concluído leve a outros questionamentos. Porém, faço o destaque porque acredito que considerar a ideia espírita não circunscrita pelo movimento espírita é o mesmo que dizer que se trata de uma ideia que não necessariamente seja espírita. E que, sendo assim, não precisaríamos chamá-la de espírita. Poderia ser a ideia do espiritual caracterizada em diversas formações filosóficas e religiosas, dentre as quais, a codificação espírita. Ou não haveria esse paralelo também com relação às ideias? Para mim, melhor seria manter o entendimento de uma proposição localizada, o que mantém tensionado o caráter filosófico - religioso.

    2. Ainda que os avanços de seu estudo indiquem quão contraproducente pode ser aportar ao Espiritismo uma superioridade, me pareceu que considerar o espiritismo como uma revelação constituiu um acordo entre Kardec e Roustaing. Ou você considera que este seria mais um ponto em que os textos de Roustaing obnubilam o kardecismo?

    Abraços,
    João.

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  2. Muito obrigado por comentar, Damásio. Quando me refiro a "Espiritismo" e "ideia espírita" como entes diferentes, faço uma tentativa de distinguir o Espiritismo/movimento, onde realmente não vejo divisão, das ideias norteadoras do Espiritismo, que não mais estão restritas a ele. Por exemplo, reencarnação, espírito/consciência, mundo espiritual, comunicação entre planos diferentes, não são mais exclusivos do Espiritismo. Alguns desses temas estão sendo inclusive apropriados vez ou outra pelo mundo acadêmico. Só por isso faço essa distinção. Sob a perspectiva que adoto, vejo que o Espiritismo se cristalizou em algumas referências da época da sua elaboração, enquanto a "ideia espírita" caminha um tanto livre, sem as peias do movimento religioso, normalmente fora dele. Há até mesmo outros movimentos filosófico-religiosos na atualidade que fazem questão de se diferenciar do Espiritismo, mas que abraçam um conjunto de postulados em tudo semelhante.
    Mas penso que preciso refletir melhor sobre suas ponderações, de modo a não incorrer no mesmo equívoco da diferenciação Espiritismo/Movimento. Confesso que até para mim esse estudo é recente e espero mudar muito ainda minhas próprias conclusões. Um grande abraço.

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    1. A complexidade de localizar o que pode ser a "ideia espírita" realmente é ampla e crescente. O movimento espírita de fato não consegue contê-la. De todo modo, foi só um ponto suscitado diante dessa reflexão (para mim inédita em muitos pontos) dos limites da "terceira revelação".

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