REFLEXÃO DE NATAL

 


Elias Inácio de Moraes


Véspera de Natal… É importante compreender que *Jesus não escolheu nascer em uma estrebaria,

como às vezes ouvimos das pessoas*. Quem melhor traduziu essa realidade foi o poeta português

João de Deus através das mãos de Chico Xavier, ideia muito bem retratada pela sensibilidade do

ator e ilustrador Nando Motta, que criou esta reflexiva imagem a respeito do Natal.


Na Noite de Natal


- Minha mãe, porque Jesus,

Cheio de amor e grandeza

Preferiu nascer no mundo

Nos caminhos da pobreza?


Porque não veio até nós

Entre flores e alegrias,

Num berço todo enfeitado

De sedas e pedrarias?


– Acredito, meu filhinho,

Que o Mestre da Caridade

Mostrou, em tudo e por tudo,

A luminosa humildade!…


Às vezes, penso também,

Nos trabalhos deste mundo,

Que a Manjedoura revela

Ensino bem mais profundo!


E a pobre mãe de olhos fixos

Na luz do céu que sorria

Concluiu com sentimento

Em terna melancolia:


– Por certo, Jesus ficou

Nas palhas, sem proteção,

Por não lhe abrirmos na Terra

As portas do coração.


A mesma ideia foi também retratada de maneira muito pertinente pelo escritor brasileiro Humberto

de Campos, quando já assinava Irmão X, que escreveu também pelas mãos de Chico Xavier um

“Bilhete de Natal” endereçado a Jesus, que termina dizendo:


“Quem sabe, Senhor, poderias voltar, consolidando a tua glória, como fizeste há quase vinte

séculos? Entretanto, não nos atrevemos ao convite direto. As estalagens do mundo estão ainda

repletas de gente negociando bens transitórios e melhorando o inventário das posses exteriores. Os

governos estão empenhados em orçamentos e tributos. Os crentes pousam olhos apressados em teu

Evangelho de Redenção e repetem fórmulas verbais, como os judeus de outro tempo, que

mastigavam a Lei sem digeri-la.


É quase certo que não encontrarias lugar, entre as criaturas.


E não desejamos que regresses, de novo, para nascer num estábulo, trabalhar à beira das águas,

ministrar a revelação em casas e barcas de empréstimo e morrer flagelado na cruz. Trabalharemos

para que a tua glória brilhe entre os homens, para que a tua luz se faça nas consciências, porque, em

verdade, Senhor, que adiantaria o teu retorno se a estatística das coisas santas não oferece a menor

garantia de vitória próxima? Como insistir pela tua volta pessoal e direta se na esfera dos homens

ainda não existe lugar onde possas nascer, trabalhar e morrer?”


Neste Natal é importante reconhecer que o mundo é construído por todos nós, coletivamente, a

partir das decisões de cada um de nós, individualmente. Das decisões e escolhas de cada um nós

faremos um mundo melhor ou pior para todos, digno ou não da mensagem de amor de Jesus.


Bibliografia:

Xavier, Chico. Antologia Mediúnica do Natal. FEB, Rio de Janeiro/RJ

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